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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

CATEQUESE COM ADULTOS / UMA PRIORIDADE



A DECISÃO DOS BISPOS

Diz o Doc. CR, 130: “É na direção dos adultos que a Evangelização e a Catequese devem orientar seus melhores agentes. São os adultos os que assumem mais diretamente, na sociedade e na Igreja, as instâncias decisórias e mais favorecem ou dificultam a vida comunitária, a justiça e a fraternidade”.

Esta decisão não diminui, em nada, a importância e a melhoria da catequese com crianças e jovens. Mas é evidente que tudo na Igreja e na sociedade depende dos adultos. Quem toma as decisões e, na prática, as faz acontecer, são os adultos.

O mundo da política, da economia, da arte, da comunicação é conduzido e alimentado pelos adultos, homens e mulheres. E cada vez mais as mulheres estão mais presentes em instâncias antes ocupadas sobretudo pelos homens. A realidade nos mostra uma imensa quantidade de adultos sem ética, dominados pela corrupção, por interesses particulares ou corporativos escusos, decidindo o futuro do Brasil, deixando que se envenenem as crianças e jovens por contra-valores apresentados como a grande proposta para se afirmar na sociedade.

Diante dessa realidade, os Bispos colocaram os adultos como prioridade para a catequese e as pastorais: “É na direção dos adultos que a Evangelização e a Catequese devem orientar seus melhores agentes”. E de 2003 para cá eles voltaram a insistir neste tema.

OS ADULTOS EM 1983

“Urge que os adultos façam uma opção mais decisiva e coerente pelo Senhor e sua causa, ultrapassando a fé individualista, intimista e desencarnada” . Será que algo dessa fé tão frágil ainda persiste hoje, vinte anos depois?

A) A fé individualista busca a satisfação de interesses individuais. Quem assim se comporta, facilmente manipula a Deus e as forças religiosas. O devocionismo é um risco, pois leva ao individualismo interesseiro, priorizando o milagroso, o extraordinário, o emocional, a manipulação de Deus e dos santos. Dificulta a verdadeira comunhão com Deus, a busca de sua glória, o engajamento na comunidade eclesial e o compromisso na construção do Reino.
B) Fé intimista. Havia em 1983 uma forte tendência ao uso da religião como tentativa de satisfação afetiva pessoal, de catarse psicológica coletiva, de auto-ajuda. Reduzia-se Jesus, o Espírito Santo, Nossa Senhora, os Santos, à função de empregadinhos das necessidades íntimas das pessoas, trazendo o que se denominava, então, paz interior, alegria, entusiasmo contagiante, sensação de estar andando nas nuvens... Algo alienante e alienador. Havia dificuldade em se aceitar a exigência cristã de caridade, solidariedade, compromisso, mudança política segundo os valores do Evangelho. É que a fé comprometida, problematiza, desinstala e leva para a participação social em favor da justiça.
C) Fé desencarnada. A fé individualista e intimista é desencarnada. Os bispos denunciaram, então, o grave perigo de um cristianismo fechado ao mundo, sem o profetismo social, aliado à ideologia militar da época e ao neoliberalismo de mercado, desarticuladores das iniciativas populares em prol da justiça e da solidariedade.

E é bom lembrar que naquela época levantavam-se calúnias à Teologia da Libertação, às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), à Opção Preferencial pelos Pobres, o que foi gerando sérios conflitos até mesmo entre os bispos. E, ainda hoje, a situação preocupa. O próprio Papa escreveu, em 2001: “Deve-se rejeitar a tentação de uma espiritualidade intimista e individualista, que dificilmente se coaduna com as exigências da caridade, com a lógica da encarnação e, em última análise, com a própria tensão escatológica do cristianismo” (Novo Millen. Ineunte, 52).

RESULTADO QUE SE QUER

O Doc. CR 130 dá o resultado esperado com esta prioridade da catequese com adultos: “Os adultos, num processo de aprofundamento e vivência da fé em comunidade, criarão, sem dúvida, fundamentais condições para a educação da fé das crianças e dos jovens, na família, na escola, nos Meios de Comunicação e na própria comunidade eclesial”. E podemos acrescentar: vão melhorar, como cristãos, a sociedade e a própria Igreja.

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