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segunda-feira, 22 de setembro de 2014

ATOS EM PARTES

I - PRIMEIRA PARTE - JERUSALÉM (At 1-7)
A primeira parte se divide em dois blocos:

1 - Os apóstolos (1,12-5,42)
2 - Os Sete ou os helenistas (6-7).


1 - OS APÓSTOLOS (1,12-5,42).
Neste bloco, antes de se ver um retrato da comunidade de Jerusalém, deve-se ver os sonhos das comunidades lucanas.
Jerusalém, que nos anos da redação (80) já não existe mais como centro do judaísmo, é idealizada e se torna a experiência fundante para as igrejas lucanas.
• "Em primeiro lugar temos aqui uma utopia, uma visão de sociedade humana projetada como um ideal, uma meta."
Jerusalém é o ponto de referência para todas as igrejas, ela é sinal de continuidade e por isto também modelo.

a) koinonia /koinonia "mesa comum" (partilha). A comunidade de Jerusalém, idealizada, realiza Lc 1,46ss; 4,18; 6,20-21. At 1-5 é crítica a todos os modelos econômicos, mas principalmente uma crítica as comunidades lucanas que esqueceram a partilha. É uma reatualização do jubileu: redistribuição.

b) A comunidade de Jerusalém (idealizada) é fermento. Seus membros são poucos, mas despertam entusiasmo (2,47; 3,9-10, etc.). Estão no meio do povo, não separados.

c) Seu testemunho se expressa em sinais. Eles anunciam o nome de Jesus. Testemunham a paixão, morte e ressurreição e ascensão. Os fenômenos carismáticos são a materialização da ação do Espírito Santo. São a cobertura da missão e não satisfação pessoal.

d) A comunidade de Jerusalém e os Doze são paradigmas da firmeza nas perseguições. O conflito é entre os cristãos e os judeus. Os chefes judeus estão errados, pois mataram Jesus, o povo adere.

1.1 - Os Doze esperando em Jerusalém 1,12-26
Os destinatários deste texto são os fiéis lucanos e não os de Jerusalém. Lc quer animar seus fiéis, por isto, em Jerusalém são mencionados os Doze. O discurso de Pedro (v.16-22) é claramente para os lucanos. Para Jerusalém ele não precisaria dizer o caso de Judas nem mesmo explicar o termo hacéldama "na língua deles, campo de sangue".
Por que Lc faz este relato? Ele tem a resolver dois problemas comunitários do seu tempo:

a) A tradição:
Com a morte dos apóstolos surgem novos missionários que deturpam a mensagem de Jesus. Lc quer colocar balizas. Então, a igreja de Jerusalém se torna a referência. Lá estão os Doze, eles têm autoridade para definir, pois eles testemunharam "Desde o batismo de João
até o dia em que foi levado ao céu" (At 1,22). Mais tarde também Paulo precisa do aval deles (At 15). A igreja de Jerusalém (dos Doze) será norma para todas as demais. Só ela tem autoridade, pois os Doze são testemunhas oculares. Se bem que nenhum deles esteve com Jesus desde o batismo de João até a ascensão, pois ele os chamou mais tarde e, ainda mais, Matias não podia ter estado com eles, pois os evangelhos nos dizem que Jesus levou os Doze a um lugar afastado e os instruiu.

b) Sucessão apostólica (At 20,17-38):
Nas comunidades lucanas surge a necessidade da institucionalização. Os líderes carismáticos e ambulantes como Pedro e Paulo desapareceram e as comunidades cresceram muito e não podem depender sempre de líderes itinerantes. Formam-se líderes locais (anciãos = presbíteros). Estes devem ser confirmados pelos Doze. Por isto Lc dá tanta ênfase aos Doze e aos anciãos de Jerusalém, formando um conselho (At 15,2ss). Os anciãos (presbíteros) receberam sua missão dos Doze.

Conclusão:
Percebe-se a intenção de Lc que quer prevenir os membros de suas comunidades:
• Caminhada de um sábado (1 v.12) = O cristianismo se enquadra no judaísmo.
• Piso superior = lugar preferido dos rabinos (1Rs 17,19s).
• 120 pessoas = 10 por apóstolo lembra Ex 18,21.
• Pedro = tem papel preponderante, é o cabeça.
• O testemunho ocular = luta contra a gnose ou uma religião apenas espiritual.
• Matias = reflete as eleições dos tempos lucanos.
Para Lc os quesitos do apostolo são: testemunha ocular de Jesus, da ressurreição, escolhido por Jesus (sorte) e que tenha recebido o Espírito Santo.

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